segunda-feira, 7 de junho de 2010

Crítica ao que se pensa ser "cultura".


Eu estava pensando: é incrível como essa fase super-mega-punkrock é coisa momentânea na vida de uma pessoa. Quando digo isso, excluo totalmente os casos de modinha, no qual certas pessoas encaram o rock como uma moda emo, que vem quando tá legal e passa quando aparece a primeira nova moda do momento, até porque o rock nem o punkrock saíram da minha vida, nem das dos amigos aos quais me refiro. Pra alguns dura mais, pra outros menos. Alguns largam totalmente, alguns só mudam as roupas de mesmo estilo, algumas aderem a alguns aspectos de outras culturas, mas fato é que estamos em constante mutação, e aqueles que não estão são meros estagnados, principalmente entre os jovens.
Eu sinceramente me desiludi com o que pensei ser o movimento punk no Brasil. Enquanto buscava uma perspectiva de luta pela vida, pelo povo, pela verdadeira liberdade, o que encontrei na grande parte do "movimento" que conheci (repito, grande parte, não todo) foi bebida, gole, goró e, em muitos, drogas... resumindo: alienação, apesar de os mais alienados também se dizerem revolucionários. Não digo que eu não goste de beber, mas existem limites para quem almeja ser um revolucionário entre a diversão e a diluição. Hoje, vários também se desiludiram total ou parcialmente, alguns se organizam em movimentos que são parceiros dos que participo em algumas atividades, e estão abertos às discussões, inclusive quando há divergências. Alguns se organizam, à medida em que se tornam mais sectários. Outros... são os estagnados.
Algo que também percebo é o sectarismo cultural de muitos punks, headbangers, grunges, blackmetals, góticos ou seja lá do que se quer chamar. Por muito tempo eu encarei o rock e as músicas pequeno-burguesas que aprendi a ouvir como maior e único estilo musical que alguém que quisesse considerar "ter cultura" pudesse gostar. Natural, aprendi a pensar assim no meio em que cresci. O meu convívio com "os comunistas", o que alguns conhecidos consideram manipulação e lavagem cerebral, me fez perceber o que há em torno, o que é cultura e o que é popular. O rock pode ser avançado como recionário, o samba pode ser libertador como pós-moderno demais, o funk pode ser diluição como pode ser denúncia, o rap pode ser Marcelo D2 ou pode ser Racionais. Independente de qualquer arma que a burguesia use para desmoralizar a cultura popular, o samba, o funk e o rap (os verdadeiros) são a realidade do povo, da favela! É essa camada da população a que mais sofre, assim como é a mais apta a libertar a si própria da exploração capitalista. Isso que aqui não cito o congado, o frevo, a capoeira e as outras milhares de culturas realmente populares e realmente brasileiras.
Sou diferente, gosto de ser, acho que já fui e gostaria de ser mais do que sou no que se refere a estilo. Sinto falta da meia arrastão e dos cabelos coloridos mas, ao contrário do que parece, o que me falta é tempo, nunca vontade. Cultura popular pra mim já não se restringe à mpb (que hoje em dia, de popular não tem muito), respeito a favela, a sua cultura e o povo que nela vive. Quanto ao campo das idéias e da prática, sei que ser revolucionário é mais do que vestir uma roupa que choque e se auto-entitular.
Termino esse post ouvindo os bons e velhos Subversivos [Veja Agora Você Mesmo].

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